sábado, março 24, 2007

Cinecrônica do Retorno: "Motoqueiro Fantasma", de Mark Steven Johnson

Senhoras e senhores, é isso mesmo. Tentei durante algum tempo me desvencilhar dos termos dos blogs, flogs, orkuts e msn's da vida, mas não consegui. Então, me resta voltar resignado para a vida blogueira, tal como era antes.

Agora pretendo voltar sem as cobranças de sempre. Sempre quando monto um blog novo, eu falo: "Olha, vou atualizar em tais dias, apareçam". E sempre acaba dando errado. Então, vou retomar este blog - coisa que eu deveria ter feito há tempos - sem dizer a vocês voltarem aos sábados e encontrarem um post na terça, como era meu costume antigamente. Haverão semanas em que podem encontrar posts diários. E pode haver períodos de hiato. Imprevisível, eu sei. Mas só assim poderei voltar em paz comigo mesmo.

Me deu vontade de voltar quando li, no meu orkut, o recado do dono de um dos maiores blogs que eu já conheci, o grande Dilberto Lima Rosa, do blog Morcegos - pessoa que honrou este blog com a última postagem oficial deste - avisando que estava pronto para voltar à ativa. Me animei, quis voltar. E cá estou. Retornando, graças a Deus, inteiro, depois de perder muitos fios de cabelo e alguns feixes de paciência.

Poderia começar comentando os últimos filmes que vi, e não foram poucos. Mas um que me chamou a atenção foi "Motoqueiro Fantasma". Não pela sua história, não pelos seus efeitos, não pelas atuações. Mas pelo todo que ele simboliza. Deixem-me explicar.



Fui ver o filme a convite do meu irmão, João, que vem me ajudando muito nos últimos tempos. Apesar de vivermos às turras, estamos sempre apoiando um ao outro. Assim é conosco e com toda a nossa família. Recebi o convite meio assim, 'com preguiça'. Mas busquei força lá no fundo do baú e consegui ir com ele, acompanhando ainda meus sobrinhos e meu irmão mais novo, Fernando. E, vejam só que beleza, foi uma das melhores noites que eu tive em muito tempo, me diverti como eu me divertia há seis anos atrás, quando não tinha nenhuma responsabilidade pesando nos meus ombros e queria mais era viver a minha vida em paz. Infelizmente, não posso dizer que me entusiasmei tanto com o filme que acabamos assistindo naquele dia.

O filme dirigido por Mark Steven Johnson começa com o prólogo contando a história do antigo cavaleiro fantasma, que acabou por renegar a sua tarefa e fugindo do Demônio com uma lista com os nomes de almas que deveriam ser entregues a ele, o que, obviamente, deixa o senhor dono das grelhas do andar de baixo muito... furioso, por assim dizer. Passam-se muitos anos, vemos um garoto que faz acrobacias em cima de uma moto com seu pai, Barton (Brett Cullen). Seu nome: Johnny Blaze (Matt Long). Assim que este descobre que seu pai é doente terminal de câncer, um estranho aparece e faz uma proposta ao jovem: em troca da salvação de seu pai, Johhny deve se transformar no Cavaleiro Fantasma assim que fosse chamado para a tarefa. Depois de alguns inconvenientes, ele acaba aceitando.

Pausa. Foi aí que os meus sobrinhos começaram a ficar alvoroçados no cinema, e eu notei que eu também estava começando a ficar. Por que? Porque o filme estava se tornando arrastado demais, onde estava a ação tão prometida? Onde estava Eva Mendes?

Pois bem: só que Melfisto - interpretado com satanismo por Peter Fonda - o enviado do demônio, engana Johnny mas agora não tem volta. Desiludido, ele acaba abandonando tudo, inclusive sua então namorada Roxanne (Raquel Alessi) para se dedicar à estrada, sempre sendo seguido pela sombra de Mefisto. Muitos anos se passam depois disso, e Johnny se torna o conhecido dublê e showman Johnny Blaze (finalmente, Nicolas Cage), que arrisca a vida fazendo acrobacias malucas e nunca morre, apesar dos tombos. [Uma das cenas mas aflitas do filme é quando ele tenta passar por cima de alguns helicópteros - helicópteros, socorro! - com a moto]. Até que finalmente é chamado pelo enviado do demônio a se tranformar no Cavaleiro, agora transformado em Motoqueiro Fantasma, para enfrentar os demônios liderados por Coração Negro (um irreconhecível e fantástico Wes Bentley), e evitar que estes passem a perna no seu novo chefe; ao mesmo tempo em que lida com a volta de sua antiga namorada Roxanne (Eva Mendes, êba!) e com a ajuda de um estranho coveiro (Sam Elliot).

Tudo indicava que o filme seria ótimo, mas sempre há poréns. Droga de poréns, só servem para estragar uma sessão de cinema. Vejam bem: tinha fé neste filme, mas algumas falhas não poderia deixar passar. Tipo as atuações. Nicolas Cage não empolga muito como Motoqueiro Fantasma, mas está fantástico quando não está pegando fogo: suas expressões e caretas continuam excelentes, e seu jeito perdido caiu muito bem ao despreparado Blaze. O roteiro. Furaaaaaado. Sem nexo, sem sentido, sem ordem. Muita informação para nossa cabeça, quanto mais para o meu sobrinho de seis anos sentado ao meu lado vendo tudo de boca aberta sem entender patavinas do que estava acontecendo. A direção. Desleixada, mas ainda assim consegue um bom resultado, mas se não tomar cuidado Johnson não conseguirá mais emprego em Hollywood.

Mas para não falarem que eu sou chato, ranzinza e antiquado, o filme tem pontos altos, como as atuações de Wes Bentley, Peter Fonda e - às vezes - Nicolas Cage; os efeitos darks bem montados e bem feitos nas cenas onde o Motoqueiro aparece; o clímax bem estruturado, pelo menos algo bom no roteiro.

Mas eu tomei pra mim, como média de qualidade naquele dia, a reação das duas crianças que estava comigo e com meus dois irmãos na sessão. O Lucas e o Neto - os sobrinhos tão citados neste texto - se remexiam na cadeira, desconfortáveis. Mas tinha momentos em que eles ficavam vidrados na tela. Riam muito, e quase cochilaram. Mas saíram satisfeitos, esperando o segundo filme que está programado para 2009 como bem informou meu amigo Alessandro.

É bem neste espírito - com o perdão do trocadilho besta - que eu avalio Motoqueiro Fantasma: um filme instável, com altos e baixos, mas compensador no fim das contas. Isso se você tiver uma mente aberta e não for esperando uma obra prima do gênero. É apenas diversão.


Vale quantas estrelas?

********** (7 / 10)

Aqui, me despeço de vocês pretendendo voltar o quanto antes. Abraços gerais!

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2 Comments:

Blogger Gustavo H.R. said...

Até que foi bem generoso na cotação, Luiz, sendo que até as crianças quase cochilaram numa produção que, em tese, deveria fazê-las vibrar.
É bom saber que o garoto-revelação de BELEZA AMERICANA continua na ativa, ele fez poucos filmes de sucesso após o drama oscarizado de Sam Mendes.

Abraços.

março 30, 2007 8:40 PM  
Anonymous Anônimo said...

só de ter o nicholas cage com a cara de coitado de sempre já me dá nojo. como herói então nem se fala (Y)

abril 03, 2007 9:12 PM  

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