Crônicas Cine-Afetivas - Episódio III
Tudo bem com vocês? Espero que sim!
Eu estou em recuperação, em casa. Fiquei doente novamente uns dias antes da Páscoa, fiquei de repouso, e agora estou lentamente retornando às funções normais. Tive uma infecção no aparelho digestivo por conta de um outro problema de saúde que não vem ao caso comentar agora. Enfim, o que importa é que o show deve continuar e que o Under Pressure não pode parar, apesar de ter ficado praticamente o mês todo parado.
E hoje, por se tratar do dia 25, é dia de crônica Cine-Afetiva, episódio III. Era para ser um texto do Marco Santos, do blog Antigas Ternuras, mas eu acabei fazendo algumas besteiras com meu e-mail da Hotmail e não consigo mais abrir o mesmo. Por isso, peço aqui ao Marco que me mande de novo, no endereço luizhenriquesoliveira@gmail.com . Que, assim que chegar, publicarei!
E estou tentando ver novos filmes. Sábado terá resenha nova por aqui.
Episódio III
Dedicado, obviamente, àquela que inspirou tudo isso
que será relatado aqui. Certo que não foi bem assim, mas
você me entende. Natascha Paschoalique
dos Santos, isso aqui é pouco, mas é para você.
Tinha tudo para ser um dia qualquer, num lugar qualquer, numa hora qualquer, com qualquer pessoa. Mas o destino (ou a fatalidade, depende do ponto de vista) acabou por nos unir na porta do cinema. Grande coincidência. Ou grande fatalidade. Depende do ponto de vista...
Minha velha memória não me permite mais lembrar certos detalhes, portanto peço que me perdoem por romantizar a coisa. Pensando bem, ultimamente, muitos biógrafos e escritores romantizam historias que, na verdade, nunca foram daquele jeito que estão nos livros. Assim como alguns governantes também enchem nossa realidade de floreios, de romantismo, mesmo sabendo que não é nada daquilo. Enfim, isso não vem ao caso agora. Voltemos ao cinema. Alias, nem chegamos lá ainda.
Era algum dia perdido de 2004 quando eles se conheceram. Ela estava na mesma escola que ele, e ele recém nessa escola, estava perdido. Não conhecia ninguém, como todo aluno que sai de uma escola publica e de alguma forma ou de outra, vai parar em escola privada. Tá. Ele vivia andando pelos lugares ali e via as pessoas, mas não falava com elas. E assim ficou, por algum tempo até.Passou-se um mês mais ou menos (sou ruim de memória, perdão), quando ele resolveui ir ao cinema, na sessão do filme... do filme... do filme... (eu avisei que era ruim de memória...). E, nessa sessão, por acaso, encontrou aquela menina vestindo jeans, um par de All Star nos pés, uma jaqueta no corpo e muitas idéias na mente. Mal sabia ele... Enfim, eles entraram na mesma sessão. E lá dentro se encontraram. E surgiu o seguinte diálogo:
- Oi. – ele disse.
- Oi.
- Tudo bem?
- Tudo.
- ...
- Você é lá do colégio, né?
- Sou sim! Você é novo lá, né?
- Sou... cheguei faz pouco tempo, ainda não me acostumei.
- Não esquente. O povo lá é legal.
- ...
- Você vem sempre ao cinema?
- Sempre que posso.
- E pode sempre?
- Todo dia.
- Ah...
- ...
- Você gosta de cinema?
- Sim, muito. E você?
- Aaaaah! Sou viciada! Adoro. Você já assistiu Touro Indomável?
Ele a olha e pergunta:
- Qual o seu nome?
- Muito prazer, eu sou a Natascha...
Natascha. Isso já não é mais nome, é destino. E assim estava formada a maior aliança que se poderia existir. (O destino tem suas manhas etc etc etc).Daquela conversa em diante, pouca coisa ficou a mesma. Tudo mudou. Ele achou uma companheira para discussão, com quem poderia brigar sem ofender, elogiar sem se envergonhar, brincar sem ser idiota, apesar de ter nascido um. Uma relação de respeito, sabe?
Acontece, meus amigos, que num dia ela resolveu ir embora. E qual a reação dele? Numa comparação, é como se sentir órfão de mãe viva. Ele resolveu esconder, não dizer nada, mas lá dentro, em algum lugar dentro dele, alguém gritava para que ela ficasse. Relação de dependência. E aquelas sextas no shopping? Aquelas pizzas, aquelas rodas de amigos que se partiu em mil pedaços em algum dia qualquer de novembro... Tudo aquilo se tornaria passado assim que ela pisasse no veículo que a levasse para longe daquela cidade, para longe dele. Era sim, um órfão.
Mas, naquele que tinha tudo para ser um dia difícil, algo inusitado aconteceu. Quando ela foi se despedir, aquele sofrimento que tomava conta dele acabou se dissipando porque... porque... nem ele sabia porque. Ele a olhava e ficava feliz de ver que ela poderia arrumar outros amigos, ter outras oportunidades, melhores (quem sabe) do que se ela permanecesse na cidade onde morava. Aí, quando apertaram-se as mãos, um grande filme passou na cabeça dele. Daquele dia, no cinema, tanta coisa aconteceu, tanta coisa mudou, que ele finalmente notou que ela havia sido uma revolução em sua vida. Depois dela, as coisas nunca mais foram as mesmas. E ela partindo... e ao invés dele (e daquele que estava escondido em algum lugar dentro dele) ficarem arrasados, partidos, alguma coisa os deixava feliz. As coisas não acabavam ali. Apenas um ciclo se fechava.
E ela deu às costas e foi. Ter seus sonhos em outro lugar.
(para mim a melhor trilha dele até hoje - a única que ainda me arrepia na enésima vez que toca)